“Refugium”, em latim, significa refúgio.

Mas o que é, afinal, um refúgio?

Para alguns, é um lugar onde se esconde.
Para outros, o espaço onde se encontra.
Entre essas duas ideias,  esconder e encontrar,  está o coração do trabalho terapêutico.

Vivemos em um tempo em que quase tudo exige resposta imediata.
Estamos cercados por notificações, estímulos e cobranças de produtividade.
E, nesse ritmo, vamos nos afastando do essencial: a capacidade de escutar o que se passa dentro.

O Refugium nasce como resistência a esse excesso.
Não é fuga, mas pausa.
Não é isolamento, mas reencontro.
É o espaço onde o tempo desacelera o suficiente para que o sujeito volte a ouvir o próprio som.

No consultório, o Refugium se faz no encontro entre dois humanos: aquele que fala e aquele que escuta.
Não há pressa, nem performance.
Há presença.
Há o esforço silencioso de colocar em palavras aquilo que antes só existia como peso, incômodo ou confusão.

Refugiar-se é, portanto, um ato de coragem.
Porque exige reconhecer a própria vulnerabilidade.
Exige admitir que há algo que dói, que falta, que se perdeu  e, ainda assim, desejar olhar para isso.

A psicanálise oferece esse abrigo: um lugar simbólico onde o que era ruído pode se transformar em palavra.
Onde o que era caos pode começar a ganhar contorno.
E onde o sujeito pode, pouco a pouco, reencontrar-se com aquilo que lhe é mais próprio.

Um Refugium não é um fim.
É um entre-lugar, o espaço de travessia entre o que se era e o que se está prestes a ser.

Na Humani, cada sessão é um convite a esse retorno.
Ao silêncio fértil, à pausa necessária, à escuta que acolhe sem exigir.
Porque, no fim, todos nós precisamos de um lugar onde possamos simplesmente existir.


Humani Psicologia
Humanum Est Curare— É Humano Cuidar.