Estar diante de uma tela em branco é, ao mesmo tempo, instigante e desconfortável.

O espaço vazio nos convida a criar, mas também nos confronta com a incerteza: o que pode nascer daqui?

Enquanto as primeiras pinceladas surgem, percebemos que a arte não é apenas sobre o resultado final.

O processo com seus riscos, borrões e acasos  revela muito mais do que imaginamos.

Cada cor escolhida, cada traço ousado ou contido, cada tentativa de acerto ou erro carrega algo da nossa história.

Na psicoterapia acontece o mesmo.

Entramos muitas vezes sem saber o que vai surgir: memórias, dores, afetos esquecidos, possibilidades inéditas.

E, tal como no ateliê, é no movimento, no gesto de se permitir experimentar, que novos sentidos aparecem.

Cada traço na tela é também uma forma de se reconhecer.

Cada cor, uma maneira de existir.

Assim, a clínica se torna um espaço de criação: um lugar onde podemos dar forma ao invisível, encontrar caminhos singulares e construir sentidos que nos ajudem a viver de maneira mais inteira.