O Banquete Invisível
A pergunta surgiu quase como quem deixa um copo d’água sobre a mesa sem saber se alguém vai beber: “Qual é a sua fome?”
E então, as vozes vieram.
Fome de viver.
Fome de saber.
Fome de reencontrar.
Fome de transformar.
Fome de colo.
Fome de descanso.
Fome de se reconhecer no próprio espelho.
Na clínica, aprendi que falar de fome é falar de desejo. E o desejo não é apenas o que falta, é também o que nos sustenta.
A psicanálise nos lembra que a falta é a matéria-prima da vida: é porque algo nos escapa que continuamos a buscar.
Cada resposta que chegou era uma migalha desse banquete invisível.
Algumas tinham o sabor da infância: o afeto que não foi servido, a presença que se desejou à mesa e nunca veio.
Outras traziam o tempero do futuro: a vontade de tocar o que ainda não existe, de provar um prato que só existe no sonho.
E assim percebi: não era sobre saciar. Era sobre reconhecer a fome. Nomeá-la, acariciá-la, aceitar que ela é parte de quem somos.
Talvez, no fundo, a pergunta nunca tenha sido “Do que você tem fome?”, mas sim: “O que em você ainda espera ser alimentado?”.
E você… está pronto para ouvir a resposta?